sexta-feira, 14 de abril de 2017

Os Estilhaços de uma Relação Partida.

O fim de uma relação é geralmente catastrófico do ponto de vista psicológico e emocional.

Os sentimentos fortes de carinho e amor podem transformar-se em mágoa e ressentimento com uma rapidez desumana. No meio de um turbilhão de emoções negativas, a ética, moral e empatia são deixadas de parte para criar um fosso de dor entre duas pessoas que no dia, semana, mês anterior, diziam estar numa relação. No meu caso, experimentei os dissabores de duas relações acabadas, onde a atitude da minha ex-parceira foi muito diferente nos dois casos. Vou retratar maioritariamente a minha segunda experiência, devido à sua maior intensidade e extensão, e o que aprendi sobre como florescer no meio duma situação tão tortuosa.

[As nossas filosofias de vida são extremamente diferentes, e nunca isto esteve tão patente como quando a relação acabou; esta decisão foi, felizmente, consensual.]

Desde o início do fim | de facto, desde que me lembro | eu estive interessado em saber que acções, por mim tomadas, a tinham magoado ou levado a cansar-se e a frustrar-se com a relação; que faltas de comunicação resultaram em sofrimento para ela; que defeitos meus foram estragando o sentimento dela por dentro. Ouvi diligente- e atentamente, sem qualquer medo, aquilo que ela quis dizer - o que, aos olhos dela, eu tinha trazido de podre à relação. A minha natureza é tal que ouvir estas críticas não é uma fonte de sofrimento para mim; a razão porque isto não me custa é muito simples:

Eu não quero ser o tipo de pessoa que faz alguém sofrer desnecessariamente, principalmente uma pessoa que lhe é querida. Por outro lado, quero ser o tipo de pessoa que é capaz de expressar da forma mais clara, autêntica e honesta aquilo que é; e se essa expressão falhar, através das minhas acções, eu quero saber onde está essa falha para a corrigir.

A minha vontade vem, assim, não só de um sentimento positivo em relação à pessoa com quem estou a falar; mais do que isso, vem de um objectivo pessoal que é independente da pessoa com quem estou a falar - o de melhorar as atitudes que não estão de acordo com aquilo que eu considero ou aspiro ser. Ela podia estar redondamente errada em todas as críticas tecidas - e, reflectindo sobre isso, não estava - e eu quereria ouvir na mesma. Ela poderia estar furiosa, frustrada e injusta comigo - ainda assim, eu quereria ouvir, porque poderia estar a perder uma oportunidade de melhorar.

Esta minha atitude foi em total contraste com a atitude dela, que mesmo quando dizia que queria ouvir o que eu tinha para dizer, a conversa evoluía rapidamente para uma ofensa pessoal da parte dela, focando-se em justificações de ter agido como agiu, e rapidamente este comboio emocional descarrilava numa conversa destrutiva onde eu não tinha espaço para dizer o que realmente sentia - mágoa e dor - sem a frustrar ou irritar pessoalmente.

Durante meses e meses, eu tentei desesperadamente aliviar esta situação ao apelar à empatia dela - em vão. Não estávamos a manter uma amizade. Não conseguíamos comunicar sem que houvessem problemas. Numa certa discussão, ao tentar apelar à racionalidade para que a discussão não ficasse pior, ela afirmou exaltada "Não sou uma pessoa racional!". Se há algo que captura a essência da sua atitude ao longo destes meses é esta frase, que acho que fala por si e não precisa de comentários adicionais. Não consegui que alguma palavra chegasse realmente ao coração dela e que, com alguma reflexão, pudesse ser benéfico para ambos. Ela expressava querer ficar em bons termos comigo, mas não dava os passos necessários para tal - dar esses passos implicava um esforço para ouvir coisas que não gostava, e isso estava para além da sua disposição.

Os dias foram passando; ela arranjou um novo parceiro relativamente rápido. Eu sofria constantemente com o facto de passar tanto tempo sozinho, numa casa onde não podia abrir-me com a pessoa que me perguntava sempre como estava (ou porque estava como estava) e pela qual eu nutria carinho. O stress de seguir uma carreira profissional de sonho, que parecia cada vez mais difícil, era avassalador; não podia pôr mais peso, psicológico e económico sobre a minha mãe e avó, que tanto tinham lutado para eu conseguir estar apto a lutar. A família dela, uma verdadeira família para mim durante anos, iria desaparecer da minha vida aos poucos com o passar do tempo. Tive de digerir estes pratos e também o de, possivelmente, nunca mais poder abrir-me com ela sem que me magoasse com a conversa | devido à sua insensibilidade e relutância numa introspecção e reflexão |, sem fazer pior e, possivelmente, destruir a nossa amizade.

O peso em cima de mim parecia injustamente colocado, e não havia sinal de vir a ser aliviado no futuro. Estive vários dias deprimido, em que fiz pouco mais do que dormir. Estava, pela primeira vez na vida, impotente e com medo perante a adversidade - mas não queria, não queria, ceder.

Um dia como outro qualquer, ela chegou a casa. Eu estava devastado; olhei-a nos olhos, e senti raiva, náusea, ressentimento e amargura emanarem dos meus. Raiva de uma pessoa, com quem eu me importava tanto, dizer importar-se comigo, mas não fazer a única coisa que podia salvar a amizade | a amizade que eu estava à meses a tentar salvar sozinho |; náusea, porque no meio da minha tormenta, eu ainda pensava quão difícil seria para ela passar isto tudo já estando numa nova relação; ressentimento de estar a olhar para uma pessoa cobarde que se recusava a olhar-se a si própria com medo o que pudesse encontrar - Não sou uma pessoa racional!; amargura para com os golpes que a vida me estava a diferir, enquanto eu tentava minimizar o sofrimento de ambos, todos os dias.

Percebi que me estava a transformar num monstro. Um monstro desvelado quando eu estavas prestes a ajoelhar-me perante a vida. Um monstro que queria culpar a pessoa à minha frente por ser insensível e egoísta e egocêntrica e cobarde e fazer-me sofrer tanto indirectamente. Um monstro que ia destruir tudo pelo qual eu que tinha lutado estes últimos meses num acesso de raiva e desespero para sobreviver.

Eu, o monstro - o produto último do sofrimento prolongado.

Tinha duas hipóteses. Se escolhesse agir sobre a minha mágoa e ressentimento, iria magoá-la sem intenção só porque estava eu próprio irracionalmente magoado para além do razoável -  isto iria estragar a amizade, possivelmente para sempre, pois ela não aguentaria uma tamanha insensibilidade da minha parte. A outra hipótese era óbvia - mas a mais difícil das hipóteses:

Aguentar o sofrimento. Carregar o pesado fardo. Recusar a ajoelhar-me perante a adversidade, recusar a ficar amargo e ressentido e exacerbar o sofrimento das pessoas que amo, e por consequência o meu próprio sofrimento. Dominar o monstro.

Falei-lhe com a maior sinceridade:

Eu sei que te preocupas comigo, e que te custa ver-me assim como estou. No entanto, ambos sabemos que não consegues aguentar as verdadeiras razões porque estou assim, que não consegues aguentar a expressão do que vai em mim, e que irás agir duma forma que só me vai magoar. Não tens capacidade para me dar apoio. Por isso eu vou aguentar sozinho - aguentar tudo sozinho.

O que mais poderia eu fazer? Seguir as pegadas do resto mundo, que faz tudo o que for preciso para se salvar a si próprio num momento de desespero e irracionalidade, incluindo fazer sofrer os próximos? Cair na minha própria hipocrisia de que não iria contribuir para um mundo de sofrimento ao ficar eu próprio ressentido com as adversidades da vida? Vida, disse-lhe:

Põe-me peso no corpo e contra o corpo; dá-me tudo o que tens a dar, e vê como eu o aguento sem ficar amargo; observa como esse peso, com o tempo, fica leve nos meus braços, e como a força e o ímpeto e o vigor nascem desse meu feito para amparar todos os pesos futuros.


As semanas que se seguiram, embora não perfeitas, melhoraram imenso para mim. Paradoxalmente, o período mais difícil da minha vida foi também o período mais benéfico. Nada na minha vida teve tanto significado, até agora, como os meses que se seguiram à minha separação com ela. A sua forma de ser, a sua filosofia tão diferente da minha, deu-me uma lição inestimável de sensibilidade e de força. Ficou claro para mim como agir nesta situação:

Ouve com atenção o que ela tem a dizer, absorve e retém tudo o que, com alguma reflexão, pode ser benéfico para ti ou para ambos. Percebe que a pessoa que tens à tua frente, tal como tu, tem um monstro dentro de si, e é isso que a faz humana; e por isso ela pode, e provavelmente vai, magoar-te se expressares algo que não lhe agrada, porque não sabe dominá-lo. Ao mesmo tempo, ela é importante para ti, e empatia deve estar sempre presente na tua interacção com ela. 

Por fim, aguenta todo o peso que te puserem em cima - porque se não aguentares, a consequência é cederes e magoares a pessoa que está à tua frente e a ti próprio, fazendo tudo infinitamente pior do que poderia ter sido - isso representa um ajoelhar perante a vida, a admissão da derrota, que dá à luz um monstro que vai destruir, descontroladamente, o que te é querido.

É possível que a nossa amizade não venha nunca mais a florescer - aceito isso. Eu ajo assim por mim, não por ela. Quando isto tudo acabar, na pior das hipóteses, fui flexível perante toda a adversidade; minimizei o sofrimento de ambos e, mais importante do que isso, ganhei-me a mim próprio. Na melhor das hipóteses, além disto tudo, ainda salvei uma amizade.

Assim, eu espremo o sumo da mágoa, até ao fim.
Assim, eu apanho os estilhaços duma relação partida e transformo-os em benesses.

Vistas de Pássaro XIV

A mente psicologicamente débil é aquela que mais facilmente magoa e contribui para o sofrimento alheio, pois tem um medo mortal de se explorar a si mesma, de mergulhar na escuridão do ser e, inevitavelmente, de encontrar os monstros que fazem dela uma entidade capaz de fazer sofrer.

No decorrer da vida, quando um dedo externo aponta para as profundezas mais feias do seu ser como causa de sofrimento, a reacção desta mente é irracional, descontrolada e de pânico - alguém está a apontar a existência de algo do qual ela passou a vida a fugir. Como uma mãe protege o filho pródigo das vicissitudes mundanas, a mente débil protege combativamente os seus monstros de si mesma.

Não se pode imaginar que uma mente forte, com a sua predisposição para enfrentar as trevas e dominar monstros; que uma mente que se conhece bem o suficiente e aceita a sua sombra como única forma de diminuir o sofrimento; que esta mente reaja de forma a magoar quando escrutinada. A vontade de dominar os monstros e libertar-se das correntes que fazem dela uma vítima, de diminuir o sofrimento ao tomar a devida responsabilidade, ultrapassam as barreiras do egoísmo e proteccionismo pessoal, e abraçam um futuro de significado, empatia e domínio sobre o ser.

sábado, 1 de abril de 2017

Sombra e Água

[Esta reflexão vem na sequência do meu texto "The Ideal Tune of the Violin", onde descrevo grande parte da minha evolução psicológica desde criança até adulto. Incorpora já alguma dessa linguagem.]

O meu conceito de família ideal - uma família modelo, verdadeira, unida - ansiava ser instanciado num mundo que parecia querer dar tão pouco, ou ter tão pouco para dar. Talvez por isso passasse tanto tempo dos meus dias de Verão na minha varanda traseira, a olhar para uma vivenda com piscina, esperando que uma certa família, que me conhecia há anos, chegasse: a mãe, uma pessoa extrovertida e que idolatrava companhia e diversão; o filho, um rapaz inteligente da minha idade que tinha à sua disposição todo o tipo de videojogos com os quais eu sonhava; e a avó, dona da casa e a metáfora perfeita para o que eu precisava - e não o que queria - na minha vida.

Alexandrina, uma velhota de 70 - 80 anos com uma sanidade invejável e uma personalidade poderosa. O que me assustava nela era o seu olhar simultaneamente imperscrutável e examinador; fazia-me sentir emocionalmente nu, psicologicamente desprotegido. Vim a perceber que os olhos pretos dela não eram um preto normal, mas sim um preto mais intenso que reflecte a sombra de quem ela mira - a minha sombra, neste caso. Ah, era por isso que me sentia assim - ela estava a olhar para tudo aquilo que me acorrentava, para os monstros que se escondiam na escuridão envolvente do meu ser e eu revia-me nos olhos dela.

Eu era muito novo, não sabia nadar, mas adorava água. Ficava-me pela parte menos profunda da piscina. Certo dia, Alexandrina virou-se para mim e disse:

"Tenho aqui uma corda. Vou atar-ta à cintura e vais aprender a nadar. Eu seguro-te pela corda quando não tiveres pé. Não te vou deixar afogar."

Eu conhecia-a bem demais. Ela não ia desistir - o pânico espreitava. Claro que, racionalmente, eu sabia que podia berrar, explodir ou não me mover de onde tinha pé - deixei-a a atar-me a corda e entrei na água. Avancei pela piscina já com medo, ainda com pé.

"Vamos, não tenho o dia todo. Vais aprender a nadar, garanto-te. Não podes ir para as bermas da piscina, senão nunca perdes o medo. Repito, não te vou deixar afogar - afinal, eu seguro a corda!"

Dei uns passos relutantes em direcção ao profundo e perdi o pé. Comecei imediatamente a esbracejar loucamente e a dirigir-me para a berma em pânico.

"Não! Pára de esbracejar e não vás para a berma. Tenta boiar primeiro, põe-te de barriga para cima e vê como a água te consegue suster naturalmente."

Já estava na berma - ofegante, triste comigo próprio por tentar passar um teste idiota e não conseguir.

"Tu não és nenhum bebé. Tens de saber enfrentar os teus medos, e eu estou aqui para te ajudar. Fá-lo aos poucos. Primeiro, confia. Depois, bóia de braços e pernas abertas. Finalmente, quando vires que a água não te quer engolir, começas a dominá-la."

Respirei. Eu queria aprender a nadar, claro - gostava tanto de água quanto a temia. Aos poucos, afastei-me da berma de barriga para cima e tentei boiar - sentia a corda da Alexandrina a segurar-me a cintura. Abri os braços e as pernas e fiquei suspenso durante uns segundos, os meus pulmões cheios de ar - estava a boiar! Fiquei de olhos esbugalhados a olhar para o céu azul do verão que afugenta sempre as nuvens. Estava mais sereno - não conseguia voar nesse céu, mas boiar era suficientemente parecido.

Quando voltei a mim, olhei devagar para a Alexandrina - ela já não segurava a corda e sorria. Não me mexi, tanto pelo espanto como pela vontade de continuar a boiar. Sorri também - não precisava da corda afinal. Em pouco tempo, estava à vontade para experimentar as minhas primeiras braçadas. Quando finalmente saí concretizado da piscina, Alexandrina olhou-me nos olhos e disse-me:

"Presumo que voltes amanhã. Não vais precisar da corda."

Voltou para dentro de casa. Podia jurar que os olhos dela, ao mirar-me, tinham perdido aquele preto característico da minha sombra - eram agora de um preto humano. A minha mudança era óbvia nos olhos dela.

Em retrospectiva, eu poderia pensar que Alexandrina, ao fazer-me enfrentar aquilo que eu não queria enfrentar, estava apenas a ensinar-me a nadar - algo essencial para uma pessoa que gostava tanto de água. Não é verdade. Existem pessoas que possivelmente nunca vão precisar de nadar na vida, e que não gostam de água, e no entanto iriam usufruir da mesma experiência que eu. Isto porque o que eu aprendi não foi só a nadar - aprender a nadar foi um subproduto de ultrapassar um obstáculo, uma lição muito mais profunda e que está na índole do que é ser humano. 

Estes desafios no mundo físico são apenas instâncias dum desafio metafísico e psicológico mais geral de dominar a sombra e caminhar para a liberdade.

Dar pequenos passos até ficar sem pé e observar que não me afoguei - na água.
Dar pequenos passos até à escuridão me envolver e observar que não morri - na vida.

Sentir-me a voar enquanto bóio e contemplar o céu - na água.
Sentir-me livre por não estar acorrentado e contemplar a minha conquista - na vida.

O que Alexandrina fez foi o que sabia fazer de melhor - cortar as camadas dispensáveis e podres da cebola que é o universo dentro de cada um, sem derramar uma única lágrima. Nesse dia, aprendi a nadar no mar das vicissitudes; a boiar e contemplar a bela paisagem metafísica escondida na sombra.

domingo, 19 de março de 2017

Treatise on the Universal Function: Introduction

Introduction


Anyone who studies mathematics and has thought deep enough about it has eventually realized that the generality of mathematical thought seems like nothing else in our world. Nothing in mathematics depends on specific things in reality; nothing in mathematics depends on space or time. There is a universal, or general, character to it which does not seem to be empirical. Take the example:

Find x, where x is a real number:
x +54329 = 2544

We might not know which number x is, but we know it is some number. Are we thinking of any particular number when we talk about x? No, not necessarily. Yet, we know what a number is because we have dealt with several instances of it. When we are taught numbers, we are not taught the abstract concept of number, but the instances like 1, 2, 3... and only then we generalize to what a number is. Now take a linguistic example of you telling your friend the following sentence:

"I have seen the cat fall out the window."

The person does not know which cat you are talking about. Yet, she does understand the sentence because she has seen instances of cats and so she knows what a cat is. There is a general character to cat which is not any cat in particular - very much like mathematics. This is something which seems obvious, but is it really? How is it that we are capable of understanding in general terms when the only experience we have is of particular things? Well, that's easy, you say - we are capable of abstraction. Okay, to this abstraction I will call a universal and to every thing in reality which can be perceived by us in any way I will call an instance. The universal is then a general concept that captures whatever is similar between instances.

This text attempts to explain my hypothesis as to how we create and organize universals in different levels of abstraction; these levels of abstraction are bounded, that is, they are not infinite in their extension.

Main Argument


Let us begin with only two assumptions: 

1. Universals exist (i.e. we are capable of abstracting concepts).

2. One instance occupies a unique place in space-time as perceived by an observer. Another instance, indistinguishable from the first (except for the place it occupies), cannot occupy the same place as the first [If it could, then it would be indistinguishable from the first at all possible levels and it would not make sense to consider more than one instance].

Lowest Level of Abstraction (Lower bound)

Since universals capture whatever is common, or similar, between instances, we need more than one instance to form a universal. 

Instances as maps to Universals: To every set of more than one instances there corresponds at least one universal.

Let us imagine the simplest possible case - imagine a set of instances which are physically identical at every possible level. This might be, for example, a set of water bottles, balls or animals, such that they are physically indistinguishably from one another. Every aspect of similarity will be captured by the universal. Thus it makes sense to define the following:

Lowest level of abstraction: The universals which are mapped by instances that are physically indistinguishable from one another except for the place they occupy in space-time are grouped in what we call the lowest level of abstraction.

A set of water bottles might be physically the same at every trait level, but the elements still occupy different places in space and/or time. The location of the bottles or the time at which they are perceived by the observer are not necessarily the same. Thus we may define the following universal:

Space-time universalA universal is called a space-time universal if it belongs to the lowest level of abstraction, i.e. if all the instances it represents differ only by their location in space-time and are identical in every other respect.

This is as low in abstraction of universals as we can go - every possible thing is physically identical to the other except for position in space-time; if the space-time location and physical characteristics were the same, then the identity would be the same, as stated in assumption 2. Of course, universals of instances which physically differ from one another by something more than only space-time location will occupy higher levels of abstraction. We thus conclude something very important:

Every universal is independent of space-time.

Thus we see that this independence of space-time arises naturally from our considerations. We will see how mathematics can be perceived in terms of universals.

Highest Level of Abstraction (Upper bound)

We can now think on what would be the other extreme - the highest abstraction possible. That would be a universal corresponding to a set of instances which have nothing in common - neither space-time nor physical characteristics; but then, how would the universal be a universal, since there is no similarity to be captured? Well, there is one thing that they have in common - instances all have the property that they can be perceived. In fact, if this is the case, there can only be one universal in the highest level of abstraction; if there were more, they would need to be distinguished by something, in particular by the instances that map them; but the instances are already distinguishable in all characteristics (except for one), so they must be mapped to the same universal, which leads to a contradiction that more than one universal exists in this level of abstraction. We then define:

Highest level of abstraction: The set of instances which are physically different in every possible way, except for the characteristic that they can be perceived, map to only one universal, called the supreme universal, which defines the highest level of abstraction.

We have reached the conclusion that the capacity for abstraction is bounded - below by similarity, above by every possible difference in instances.

Intermediate Levels of Abstraction

It is now trivial to see how something as x (in fact, any generalization) might be conjured: x is just a universal who was created by sets of instances which have nothing in common except they are real numbers. A cat universal was created from instances of cat, with some degree of similarities and (almost certainly) differences. These universals reside in the middle levels of abstractions:

Intermediate levels of abstraction: All the universals which are not the supreme or space-time universals define the intermediate levels of abstraction and are called tangible universals.

We now notice one peculiarity. Consider a set of vegetables, with some similarities and differences and the corresponding universal which captures every similarity of between them. If all the vegetables are green, then that is it; if not all vegetables are green, we can create a subset of all those which are green. This subset of vegetables have more similarities than the elements of the set from which it originates - thus the corresponding universal will be in a lower level of abstraction. If the universal is a space-time universal, then any subset of instances will have the same universal - because it cannot go lower in level of abstraction (lower bound). We then conclude the following:

Given any subset of a set of instances, the corresponding universal will be lower in level of abstraction than the universal of the original; except if the universal of the original set is a space-time universal, in which case any subset has the same associated space-time universal.

Conclusions


We have found a way to organize generalizations. On one hand, we consider that the capacity for generalization is a given, and if so, then it must be bounded below and above by differences and similarities. Of course, the highest and lower bound are only theoretically possible - it is virtually impossible to find a set of things which are exactly the same except for their position in space-time, or a set of thins which differ in all possible characteristic except in that they are capable of being perceived. If they are actually impossible, then we still find that our capacity for generalization is bounded. This hierarchy puts mathematics, concepts and linguistics as arising from instances of the real world and then gaining an existence of their own in different levels of abstraction.

sábado, 18 de março de 2017

Some analogies between life and mathematics

In math and physics, we often find equations which we cannot solve immediately because they are too general - we need what are called boundary conditions. These allow us to make the problem concrete and soluble - per example, if I want to find how the temperature is distributed in the room, I need to know the shape and size of the room.

In life, I might want to find the solution of how I should act. But this is too general - how you should act in what context? We have to first define what your space of action is, so that the boundary conditions are well-known. These boundary conditions can be your ethics, fears, troubles - such that they represent the limits beyond which you cannot act - and thus they define what your space of action actually is. Then a solution can be formulated - how should you act, given these conditions? Of course, in real life I would say that the boundary conditions are the real challenge to solving any problem. If I have a very clear sense of what my ethics, fears and values are, then I would have a perfect recipe to act in any given situation - unfortunately, the boundary conditions depend on the nature of the problem, so they are ever-changing.

Another example in math and physics is the concept of change of reference of frame, or let us just call it change of perspective. Some problems might not seem trivial - e.g. if we want to figure out the evolution in time of a spinning top as seen from an outside perspective. We can change our point of view, imagine that we are spinning with the top, study it from that perspective and then go back to our original outsider point of view with more information.

In life, a problem is often seen as unsolvable from the perspective of the individual. If taken from a different perspective, the problem might be trivial or even disappear at all - be it a psychological or a practical problem. At a minimum, a change of perspective often makes the problem more clear than it was before.

It is interesting to think that perhaps some strategies used in mathematics are general forms of what we learned in particular cases throughout life. I do not want to expand on this here, but just pin down a very abstract idea for the sake of later reflection.