domingo, 19 de novembro de 2017

Percorrer a distância entre mim e o meu ideal.

A distância que separa o indivíduo do seu ideal é aterrorizante. O caminho é sinuoso e cheio de ausência; a distância é de índole metafísico, o que significa que não há número contável de passos que o permita chegar ao destino. Andar de encontro ao ideal, e tropeçar em rochedos feitos do intangível, e ser mordido pelas trevas; para quê? Sozinha, a alma é, desde cedo, demovida de percorrer tal caminho, e aceita a estagnação como natureza. A estagnação é um buraco negro deste espaço-tempo, onde o ser e todo o significado de palavras como amor, medo e liberdade, tendem a colapsar. E a luz do ideal, desse farol, emana. O propósito de um farol não é garantir que o barco chega ao destino; é apenas prestar a coordenada.

O dilema de um ser neste universo resume-se, então, a decidir mover-se de encontro ao farol sabendo nunca lá chegar, e tropeçar em pedaços de nada, sentir amor e o extremo oposto, medo e o seu antónimo, e todo o significado carregado por tudo o que é vivo nesse espaço; ou deixar-se ir no tapete rolante da ausência de sentido, onde luz não chegará.