terça-feira, 26 de março de 2024

Solidão

Quão grande o fogo que arde dentro de mim, e quanto tem vindo a crescer. Labaredas que chegam à superfície da minha alma, e que nascem na sua profundeza. Não importa, porque nunca são vistas; e quando são vistas, não são apreciadas. Estou só, um facto que parece ser permanente.

Todo o meu esforço, todo o meu crescimento se resume a isto: expandir a bolha que sou eu e envolver o mundo inteiro. Tudo isto implica mudança e capacidade de sofrimento, um apagar e rescrever, uma reconciliação consigo próprio e com o outro, uma dialéctica infindável. E implica, também, o não esperar recompensa por tamanho trabalho. 

Mas será que implica perder a esperança de encontrar um outro que se encontre em mim? Pode esta universalidade ser amada?

Ser amado é ser visto; e a luz da chama não chega aos olhos de ninguém.