terça-feira, 18 de outubro de 2022

Riso

Deixo morrer, dentro de mim, uma grande ideia. Deitado na cama, ouço-lhe os últimos sopros - morre a ideia que tenho de mim próprio. Desisti de a tentar salvar. Desisti, pois essa ideia que morre é uma algema que ponho a mim próprio. E quem se algema a si próprio, será livre? Mantenho viva em mim, contudo, a ideia do que quero ser --- e quem sou eu, senão a ideia do que quero ser? Essa pessoa desarma a morte com o riso. É a pessoa mais livre, e também a mais poderosa --- pois é capaz de expressar a maior leveza, a menor seriedade, no momento mais pesado e sério que o homem enfrenta.